fumante entre cavalos

Não sei mais quando são sombras banais ou engenhosas pichações ; no escuro muito mais coisa flutua além desta caixa de correio escassa: Nas Águas Espraiadas a ponte da Globo brilhas mais sem sua própria antena que me lembra as motos que me cruzarão e mães jovens vigiando o futebol dos filhos em cadeiras de praia em noites de maconha Um dilema mais imediato: o ônibus capotar à toa dizer ou não "Boa noite, motorista.". foto by Dailton Pires.

O ano em que nasci é o prédio dos Correios naquela altura em que a Santo Amaro brinca com a minha vida Os anos 2000 inauguram praças de trânsito e mendigos Me perco entre a Faria Lima e a Cidade Jardim onde políticos velhos vendem café a bichas A grande plataforma de corrida que é o ponto de ônibus, o Cidade Universitária é o único que não vai lotado.

Homem morto aterrisando Sua luz no céu se apagou Eu já estou juntando seus restos Como os de um boneco de lama. Já estou apertando minhas mãos Como se masturba um cachorro Enquando seu sexo Ainda está ausente. Sou o seu novo mundo. , Hugo Guimarães. In: Poesia Gay Underground.

tenho uma certa crença em que algo tangenciado de uma roda rápida de carro me dilacera a face.

Quando grito, exijo caos: Não finjam que é arte.

digestões rabiscando gôngoras precisos e com a traição das sobrancelhas (a culpa é do espanto) a bacia perde a oca luta contra costelas e olheiras asas invertidas inviável vôo póstumo.

A flor automática Aperto-lhe um botão e o universo mecânico põe-se ao meu dispôr, como um flor. Com a facilidade de um peixe voador. Com a instantaneidade de um obséquio, simples, multicor. , Cassiano Ricardo. In: O arranhacéu de Vidro.

Da série Le Libertin.

o amor existe porque existe o dia seguinte porque existe o momento que se desdobra ou pára. Só o amor é óbvio; e se não for, farei do mundo sua obviedade .

Era o namorado anunciado no outono, e vinha envolto em seu lençol recendendo a flores de romã. Os passos inauguravam a estrada onde as casas começavam: a música errava nos quintais e verde, a manhã resplandecia. , Lúcio Cardoso. In: Variação da angústia do poeta.

No caso, Vicent Gallo.