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Mostrando postagens de dezembro, 2011
Tudo conhece limite de ultraje. Até a comoção. Ajeita esse vestido rosado, piedade. A rosa que eu portava à boca feneceu. tesourinha de cortar unha de gato, trocar a lâmpada e nunca mais se acomodar à luz. Almofada com estampa de tigre. As vigas de ferro que seguram objetos leves, o celular pisca, meu natal é pão com manteiga, meu pai em algum lugar do mundo agora come sorvete.
uma ruiva grávida entoa uma canção qualquer não lhe sai da cabeça a canção enquanto lava as mãos se perde no ato de lavar as mãos, os pés talvez cocem a canção com profundidade de palma quase lhe pinica o bom-senso, os bons modos, a corrente d'água ressurge quase de improviso, pelo menos seu som no meio da canção depois a consciência do tato da água contra detalhes da mão e a canção continua entoada, cantarola, se soubesse assoviar o faria, retira e fecha, enxuga, sem pensar, primeiro os dorsos, os pés nunca no lavabo do térreo, um filme francês de quinta, só depois as mãos, coçam, a memória transparente do cérebro vazio, treina quase sem notar a disciplina. A natureza insoletrável dos vícios

um arranjo de três rosas e três helicônias num vaso transparente em cima de uma panela de ferro tendo por detrás duas esculturas faciais negras femininas – uma de frente e a outra de perfil

o título não é o poema. Nesta noite em que mal consigo comer ainda motivado pelas duas cervejas com vodca, agora é madrugada e tento uma maçã seguida de doces. coleção de telefones beges & de caixas de sapatos bicolores, um prato de porcelana que eu quero pendurar na parede talvez não deste sobrado gigante e alheio mas sim num apartamento modesto e meu, distante, em algum canto entre o Jabaquara e a cidade de Diadema. A de frente é careca e tem um brinco de argola na orelha direita, a de perfil tem cabelo. As rosas parecem dobradas de tanto volume e cor quase roxa as helicônias desde hoje cedo me lembram caranguejos. Uma garrafa velha de Pitú tomada um terço, vontade de comer pão fresco, os azulejos da cozinha continuam na tampa que na copa cobre uma xícara com reprodução de Klimt que vinha junto de uma revista de fofoca mais cinco reais – eu acho. Uma sacola plástica decora o espaldar de uma cadeira & a bengala repousa inerte esquecida no lavabo.

Um dia.

gêmeas no parque logo cedo um mendigo vendendo plantas sem flor refrigerante com textura de jamelão uma câmera branca e quadrada a mais bela anã da minha vida olho grego em formato de cacho de uva –  Ó minhas coisas no chão! –  Ques coisa?