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Mostrando postagens de março, 2009

MARTINET 1.3

Respirar me cansa pelo seu passado sem memória Meu nojo vem da comida e do hábito eterno de mastigá-la Ninguém me dirá de que parte do cérebro digo eu Agora cada palavra falha, não sabe o que me digo “São coisas que o sertanejo sabe e não teve o prazer de aprender", diz Nara É a minha chance.
Pra que tirar tanto amor do nada, se tudo já tende a um nada ainda mais definitivo; pra que tanto milagre, se opaco até o olho fica, envenenado leite, catarata sem lembranças e pra que tantas chances, se o fundo é sempre falso e toda serena luz Eurídice; pra que tirar tanto de tão pouco, se o medo ensina às pálpebras ofícios burocráticos e diurnos?

3 cheiros & uma vontade

Para Raquel Parrine I. feijoada, pneu queimado; música letra, cheiro trânsito. II. cheiro de hortelã, areia em casa abandonada. III. bife, cigarro, tio morto. Disseram que é urina. Sinto vinho. IV. paçoca.

JL

Em homenagem às inúmeras (5) visitas randômicas buscando Jorge de Lima, aqui vai mais um poema dele; no Invenção de Orfeu , este segue o outro postado aqui por inteiro. Poesia nordestina, católica e delirante na linha do tempo deste grande poeta, que sincronicamente não deixa de ser menos esquizofrênico... Até! XXVII - Canto I Há uns eclipses, há; e há outros casos: de sementes de coisas serem outras, rochedos esvoaçados por acasos e acasos serem tudo, coisas todas. Lãs de faces, madeiras invisíveis, visão de coitos entre os impossíveis, folhas brotando de âmagos de bronze, demônios tristes, choros nas bifrontes. Tudo é veleiro sobre as ondas íris, condores podem ser os baixos ramos, montes boiarem, aços se delirem. Vemos ao longe sombras, e são flâmulas, lábios sedentos, lírios com ventosas, ódios gerando flores amorosas.
O espelho me conta mais uma vez a lenda deste duplo círculo de cílios vivos, mas eu reconheço a morte na ponta de um dedo quando me deparo com tamanha falta de agulha negra xenófoba temerária frígida primeiro-batalhão contra a sedução tátil de qualquer imagem vista, não este pequeno projeto de sombra platelminta que faz do espelho uma sala de espelhos alcova.