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O sofá laranja da dona Vésper

Um genro que eu não pedi a deus foi esse tal de Eriberto. Imagina um homem largo! Não só com corpo o traste ocupa o meu sofá e minha vida tem sido o sofá em que se espraia, feito um cheiro. Chego a desacreditar: ele na quina do sofá e não dou conta de enxergar a tv, não sei explicar. Paga pizza, traz uns mimos, é educado, até tira os sapatos na soleira, mas mesmo descalço cada pé do cretino tem quatro solas de tamanco, não é possível, uma em cima da outra, porque só ouço o eco, seco: o mundo sou eu, ele e o meu sofá. É uma bosta o sofá? É, mas é laranja e meu. Adoro laranja, comprei porque era, que na terceira prestação já dava sinais de não durar até o fim do crediário, uma bosta de sofá. Falei pra Ruthinha não pegar o turno da noite no mercado. Parece que eu previa! Além da lambisgoia agora acordar à uma da tarde, trouxe esse traste junto com o adicional noturno, é o segurança do tal mercado. Acordo bem cedo que é para quando chegar a manhã a casa estar assim como pronta, aprese
antes de tombar o cadáver se feriu em cada algo daquele cômodo possível contar quantos alfinetes nas gavetas até mesmo quantos pés os móveis pelos hematomas pelas feridas a metragem da cortina pelo roxo no pescoço mas o que ou quem fez aquilo com seu rosto não as escoriações mas com o seu semblante o que imprimiu tamanho terror ninguém sabe mas ainda está ali este inventário está completo mas quando o único indício é o desespero a razão perde foco a cada lance xadrez ao abismo assoalho sombras órgãos internos ruídos alguma fobia que a causa mortis não entrega quando o único indício é o desespero pouca coisa garante álibi quando o único indício é o desespero o juiz sai algemado.
não me reconheço na fome dos olhos me arde o rosto fremente é uma palavra antiga a separação dos elementos falha, gorfo este mundo não me serve presta-me um favor já pago tão certo como jamais estive nenhum heráclito basta, nenhum hopkins é difícil o bastante a serpente de Cassandra reencarna no cachimbo de ópio do Pessanha e mesmo assim mesmo isto nada me diz, é excessivo este óbvio que me passa pelos olhos sem causar memória esta fome epilética não será a razão a saciar. 12set15
não quero discutir Adorno ou o uivo das raposas você assim de roupa com uma mesa entre nós sério como são as pessoas só de cruzarem os abraços não percebe? não me inspira confiança.
colidir arbitrário miasma do caos que louvamos petulantes, ainda temos um ao Ainda aí? como é bela a serifa restodontê vê como sobrevive a letra sem esses adornos, rebarbas? ainda temos um ao de que serve a memória? Se guarda o que quer, se atormenta de que me serve a memória, se a vida já faz este trampo de bosta? colidir arbitrário
esta sobra não me acalenta: seu formato lembra algo explodido; suas quinas, rebarbas. O que evoca me atormenta e o que simboliza me escapa: outro medo.  Não se ouve tigre morto, este é o segredo da voz: acomete os vivos, mas o canto deste resto, quem ouve senão minha demência? Você, por certo, que por tédio lê, espero, agora um pouco mais irrequieto, quem sabe.

Respondendo ao questionário que o Heringer roubou

O post original dele é este . * Qual é a sua paisagem favorita?  A estação santo amaro, quando quase vazia (raro). Estação do ano?  Verão, quero mais que o mundo queime Comala. Obra musical?  Cartas Íntimas, do Janacek; Moss Side Story, do Barry Adamson; Press Color, da Lizzy Mercier Descloux; Bossa Negra, da Elza Soares; Sérgio Sampaio, Steely Dan, Davy Graham. Obra em prosa brasileira?  A pata da gazela, do José de Alencar; Memorial de Aires, do Machadão; Bangalô, do Mirisola. Obra em prosa estrangeira?  Confissões de uma máscara, do Mishima. Prosa curta (brasileira)? Pouco conheço. Serve o Objecto Quase do Saramago? Prosa curta (estrangeira)?  Barthelme, Kawabata, Bellatín. Cor favorita?  Marrom. Poeta favorito?  Hopkins. Diretor de cinema (brasileiro)?  O primeiro Homem Nu. Diretor de cinema (estrangeiro)?  Nenhum. O que move a mulher?  Deveria ser o que ela quisesse. E o homem?  O pau e ou o cu, claramente. Você gosta de crianças?  Sou arrimo de família. A cor do