Cena de ônibus
Hm , pastel de canela. Não, não. Uma mulher no banco da frente está comendo um pastel e a mulher sentada ao meu lado mastiga uma bala de canela de cheiro bem forte, como toda bala de canela deve ter e ser. Meu desejo fecha o triângulo, entendem? Há uma linha tão reta entre as duas mulheres que vejo as três, a reta e as tais duas mulheres, meu triângulo recendendo a pastel de canela. Não, não é isso. Meu desejo é que é o tal triângulo, ambos igualmente abstratos , pois a reta eu refaço quantas vezes eu quiser de uma mulher a outra; aliás, do que será o pastel? Minha curiosidade me comove neste momento que nem quando me contorço para espiar o que alguém tecla sem muita perícia no celular ou para descobrir o título de um livro que outra pessoa lê no metrô . Juro que tal hábito já me rendeu frutos divertidíssimos : um mano informando, carinhoso entre gírias , minha imaginação supondo o destinatário masculino outro mano que a noite passada tinha sido ótima e a mulher de tailleur lend...