um arranjo de três rosas e três helicônias num vaso transparente em cima de uma panela de ferro tendo por detrás duas esculturas faciais negras femininas – uma de frente e a outra de perfil


o título não é o poema.
Nesta noite em que mal consigo comer
ainda motivado pelas duas cervejas com vodca,
agora é madrugada e tento uma maçã seguida
de doces.

coleção de telefones beges &
de caixas de sapatos bicolores,
um prato de porcelana que eu quero pendurar na parede
talvez não deste sobrado gigante e alheio
mas sim num apartamento modesto e meu, distante,
em algum canto entre o Jabaquara e a cidade de Diadema.

A de frente é careca e tem um brinco de argola na orelha direita,
a de perfil tem cabelo. As rosas parecem dobradas
de tanto volume e cor quase roxa

as helicônias desde hoje cedo me lembram caranguejos.

Uma garrafa velha de Pitú tomada um terço, vontade
de comer pão fresco, os azulejos da cozinha
continuam na tampa que na copa cobre
uma xícara com reprodução de Klimt que vinha junto
de uma revista de fofoca mais cinco reais – eu acho.

Uma sacola plástica decora o espaldar de uma cadeira
& a bengala repousa inerte esquecida no lavabo.

Comentários

Antônio LaCarne disse…
que inspirador, tô aqui encantado.

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