Francisca (nome de guerra e mal
traduzido) saiu decidida àquela noite.
Ao escolher a roupa, fez questão daquela
que era da cor do prédio de seu cliente mais
trivial: certa feita na lavanderia da esquina
(traduzir não altera as locações), um moço
lhe mirou de baixo acima e só pagou
constrangido pelo sexo da empreitada.
Aquele jogo novo de olhares sem negociações
prévias, o carinho de quem não se sabia enganado,
o acaso de ficar com alguém de quem ela era quase
vizinha, tudo isso comoveu tanto Francisca que esta
noite ela saiu quase sem rumo, decidida a não ir longe,
afetada pelo ar abafado do bairro que a recebia tão
bem pela primeira vez João (John?) em anos veria
aquele que outra feita lhe disse que o amor, ah,
o amor só era possível entre iguais. Mentiu,
casou-se e se mudou para um estado onde
mulheres ainda mais seminuas perturbaram
João por uma soma de anos muito maior
do que a amargura permite sem se alastrar
de forma definitiva no coração de um homem.

O bar, irritantemente triangular, prepara
uma redenção sem eu saber de onde vejo
para quem enquanto o barman (itálico) se
camufla entre uniforme e parede somente
para provar que é bastando-se que o amor
não mata. O turno dele acaba às onze.

, lrp. 19/05/10, às 22h57.

Comentários

Marcelo Pierotti disse…
Puta que o pariu, hein? seu primeiro poema longão ou andou me escondendo algo?

Postagens mais visitadas deste blog

O sofá laranja da dona Vésper