um enxame de marimbondos ataca uma criança,
não vou mentir que esta criança não fui eu um dia,
arranco a camisa sob as orientações de uma vizinha,
não lembra da dor, de ter tratado as picadas depois,
lembro do quiosque, das máscaras feitas de cascas,
o passado um dia me atacará em uma avalanche além
do dia da pedalada na lagoa do café em Campinas e será
sem volta, vou ficar ali mesmo entravado de artrose vidrado
sem lembrar mais o nome da coisa que corta o pão, minha vó
sempre o partiu com as mãos, no passado, isso eu já puxo,
mas um dia será uma avalanche maior, de coisas mais antigas
e será sem volta, diferente deste poema porque daí não escreverei
mais. Sequer lembro da vizinha e quando ela voltar não será sozinha.
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